A frequência

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É necessário perder para se encontrar, é preciso morrer para de fato estar vivo. Entende? Porque morremos e nascemos todos os dias. Não é incrível que as células que compõem teu corpo amanhã não serão mais a mesmas? Isso significa que você também não será mais o mesmo. E todo dia é uma nova pessoa. Uma nova chance de se reinventar. Tudo está propenso a mudança, a evolução, pois a vida não foi feita para ser vivida em linha reta. Não foi feita para seguir conceitos decrépitos preestabelecidos. Como a vida pode ser em linha reta se a freqüência da batida de um coração não é? Em quantas frequências diferentes teu coração pode bater? Afinal, cada pessoa tem um universo interior, uma forma de sentir diferente, mesmo em sintonia, a frequência não é a mesma.

— Luna Baker, 08/08/2017.

“Eu não sei o que estou fazendo com a porra da minha vida”

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Eu não sei o que eu estou fazendo com a porra da minha vida — esta é a frase que eu tenho mais dito nos últimos tempos. Mas como vou saber o que está acontecendo, se nem mesmo sei o que exatamente quero? Está sendo cada dia mais difícil conviver com a montanha russa que gentilmente chamamos de vida. E o pior de tudo é que essa maldita montanha russa, sequer é emocionante. É chata e tediosa, e ainda assim seus trilhos não estão no lugar. Os cabos de aço se partem a cada nova viagem. Não se ouve nenhum grito, não há adrenalina, tampouco desespero, apenas o inexprimível silêncio interior, embora seja igualmente ensurdecedor, como o grito de uma criança faminta. Diria que também estou faminta, só não sei ao certo de quê. Tenho constantemente repetido para mim mesma que não são necessárias respostas para tudo, existem coisas que realmente ultrapassam qualquer entendimento. No entanto, o que fazer se a mente perturba nas longas madrugadas? O que fazer se quando passa da meia-noite somos todos um bando de miseráveis sedentos por algo que faça sentido? Uma mísera gota que faça sentir? Alguns choram, e outros derramam gotas de ódio… As putas na pista que anseiam que a noite seja curta, os poetas sofrendo de insônia, os bêbados caídos na estrada. No fim, ninguém está isento da maldita pergunta “como eu vim parar aqui?” E às vezes apenas desejando voltar.

— Luna Baker, 29/07/2017.

A cama, a chuva e os nossos desejos

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Teu corpo sob o meu, teus braços me envolviam tão quentes e aconchegantes. De frente para ti, minhas pernas envoltas de tua cintura, meus dedos adentrando por teus cabelos, enquanto tu penetravas-me, segurando-me em teus braços… Tuas unhas arranhando minhas costas nuas. Teus lábios encontrados nos meus, tão intensos e que pediam por mais. Passeava pelo teu corpo desnudo tão livremente. O desejo mútuo de entrega e paixão que ardia. Minha boca em quase cada parte de teu corpo, mordendo teu pescoço e orelha. Por cima de ti eu sentava e tu me apalpavas por inteira. Porque ali estávamos inteiros um para o outro. E novamente cada vez mais rápido e intenso te sentias dentro de mim. Naquele lugar que eu não o reconhecia bem, eu quis estar ali por muito tempo, naquela noite chuvosa, naquela cama, desejei morar em teus braços. 

— Luna Baker, 09/07/17.

Daqui a dez anos…

Uma vez estive pensando quem eu seria ou como seria daqui a dez anos… Embora não goste de idealizações. Não digo com veemência, nem com perpétua dúvida. Porém, preciso primeiro saber quem eu sou, ainda que uma pergunta tão filosófica como essa – que sinceramente não caberiam definições exatas – pois digo, sem desdém ou arrogância, sou tudo e ao mesmo nada, porque no futuro ainda sim serei tudo e ao mesmo tempo nada. Mesmo que meus cabelos fiquem grisalhos, minha pele fique enrugada, porque o envelhecimento é algo que não se pode escapar. Meus sonhos e objetivos sejam outros, as pessoas e coisas que amo sejam outras, continuarei a ser tudo e ao mesmo tempo nada.

Decerto tudo muda, hoje sou uma, amanhã serei outra. Algumas mudanças tão extraordinárias que chegam a ser quase completamente, outras miúdas, mas que podem fazer grande diferença. E de todas essas mudanças fica a nossa essência, que esta sim não muda, não digo que para sempre, porque tudo tem seu fim. A vida é um ciclo, assim como todas as coisas que nela há, existe começo, meio e fim.

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Acredito ainda estar no começo, e quando estiver no meio, espero me arrepender de determinadas coisas, pois onde não há arrependimento, não existe lugar para o perdão, nem para o aprendizado. Espero também ser grata para lembrar algumas vezes saudosa das coisas que vivi. E depois quero ter sido o melhor que pude ser, em erros ou acertos. Por fim, concluo que daqui a uma semana ou dez anos, eu desejo apenas ser para recordar de ter sido.

— Luna Baker, 27/06/2017.

Como vou te dizer?

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Como vou te dizer que há momentos em que a gente precisa crescer?
Tantas coisas para esquecer e outras para aprender.
Como é que eu vou te dizer que já estás velho demais para brincar de faz de conta? E que o mundo cruel espanta.
Como é que eu vou te dizer que um dia a gente cansa de cantar a canção da esperança? Como é que eu vou te dizer que esperar demais machuca?
Como é que eu vou te explicar que você sai de casa, e às vezes não sabe como voltar?
Como é que vou te dizer que o mundo se destrói lá fora, e que o caos interior por vezes é tudo que sobra.
Como é que vou te dizer que o peito dói demais quando se espera demais? E que com o tempo a gente aprende a não olhar para trás.
Como vou explicar as façanhas da vida, se ainda sou criança para entender?
Como vou te dizer que mesmo quando a gente cresce, há tantas coisas que não sabemos compreender.
Como vou te explicar que às vezes matamos para não morrer?
Como vou te dizer que às vezes morremos em silêncio? E que é morrendo que aprendemos a viver.
Como vou te dizer que as coisas que não dizemos nos engole por dentro? E mesmo gritando não existe ninguém para nos socorrer.
Como vou te explicar sobre o amor, se ainda não aprendi como amar?
Como é que eu vou te dizer que às vezes o peso que carregamos é intenso demais, e por  vezes sem merecer?
Como vou te explicar que o ideal de justiça anda falho e que se você não segue a linha padrão é considerado um fracasso?
Como vou te dizer que o café esfria e por vezes amarga assim como a vida?
Como vou te explicar que somos jovens demais para decidir tudo o que queremos e tudo o que somos?
Como vou te explicar que o tempo passa… E que as coisas que amávamos antes não amamos mais?
Como vou te dizer que o mundo anda doente de ódio e que não há cura; senão o amor.
Como vou te dizer que mesmo depois de adultos os fantasmas ainda insistem em morar conosco, não mais de baixo de nossas camas, mas sim dentro de nossas mentes.
Como vou te explicar que a escuridão ainda assusta, e que o dinheiro não é mais apenas para doces e guloseimas.
Como é que eu vou te dizer que não existe mais mesada dos pais?
Como é que eu vou te dizer que estamos sós, e que muitas vezes nos perdemos e não encontramos caminhos para seguir?
Como é que eu vou te explicar para não correr demais, para viver o que se faz presente, sem estar preso no passado descontente?
Como é que eu vou te dizer para não se apressar para o futuro, se o futuro é o presente quem faz?
Como vou te explicar que tudo acaba sem obliterar as fantasias do teu coração?
Como é que eu vou dizer que mesmo ansiado o sim, muitas vezes ouvimos o não?
Como vou te dizer que nós choramos a noite e durante o dia somos obrigados a sorrir? Como vou explicar que nos ensinam que chorar é uma fraqueza? E o quanto é inaceitável que sejamos fracos?
Como vou te dizer o quanto há de gente lá fora passando fome? E que o mundo inteiro se esconde? Isentando-se da culpa.
Como vou te explicar que o dinheiro é tudo o que conta? E assim o que não soma, some.
Meu bem, como vou te dizer que vai chegar o momento em que nada vou dizer?

— Luna Baker, 22/06/2017.

E ainda assim parte de mim

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Você tem o seu jeito, eu possuo as minhas fases que nem sempre são fáceis. Você tem os seus erros e desculpas, eu possuo as minhas falhas e dissimulações. Você tem sua determinação e tuas inseguranças repentinas, eu possuo a minha coragem e os meus medos. Eu acho que nunca fui tão imperfeita ou incompatível com alguém. E por motivos inexplicáveis eu ainda desejo estar com você. Eu estava pensando que só conseguimos enxergar o quanto somos diferentes, significa também o quanto somos parecidos e não vemos. O amor é uma das maiores façanhas da natureza humana, o mais corajoso dos sentimentos e ao mesmo tempo o mais miserável. Eu nunca imaginei que mesmo depois de tanto tempo tu ainda me amarias, tampouco que eu por ironia do destino pudesse tão inacreditavelmente sentir tanto… Eu sempre afirmo com veemência que nunca servi para o amor, o que é totalmente verdade. Porque há tantos anos e ainda nesse momento eu não sei como estar completamente apaixonada ou suspirando emoções como a maioria das pessoas. Eu nunca soube como me entregar completamente, eu perpetuamente estive com os pés no chão. Realista demais até mesmo para os teus romantismos surrealistas. E às vezes fria demais para tua sensibilidade. E você impaciente demais para o meu tempo tão maçante para aceitar o amor. Orgulhosa demais para aceitar tuas ponderações. Egoísta demais para dividir meus sonhos, dores e alegrias. Louca o suficiente para perdoar tuas inverdades. Minha demais para te pertencer. Conectada o suficiente para dizer adeus e tu puxar-me de volta. És emoção demais para minha razão. Raso demais para minha profundidade. Impulsiva demais para pensar no que dizer e você sonhador demais para pensar nas consequências. E ainda assim és tão parte de mim quanto eu sou de ti.

— Luna Baker, 13/06/2017.

Mais que isso

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A vida é mais que isso, o ser, a essência de alguém é mais que isso. É mais do que podemos enxergar, é mais do que queremos. E a vida não é sobre o quanto, ou o quando, ela é sobre agoras. Ela não é sobre expectativas mutiladoras que ferem nossas reais perspectivas, até porque isso é pesado demais, colocar tudo que somos em cima de um futuro que nem sequer aconteceu. Não que isso seja de todo um problema, porque sonhar não é um erro, o erro é aquilo que decidimos fazer com nossos sonhos. Não adianta passar a vida inteira sonhando, se não dá-se um passo para concretização de tais. Amor não é sobre o quanto amamos, ou o que/quem amamos, mas sim como amamos. Como deixamos isso ser de nós, escapar de nossa pele para adentrar na pele de outrem. Não é sobre a felicidade que esperamos que o outro nos proporcione, é sobre como juntos compartilharemos de tal felicidade. Você pode me entender? Isso não é sobre o quanto acreditamos que será eterno, mas sim sobre o que fazemos para que mesmo quando partimos, deixarmos a lembrança de quem fomos. Muitas vezes tornamo-nos ingratos. Às vezes a gente acha que temos o universo para nós e que nunca iremos perdê-lo, mas nós o perdemos. Porque a vida é exatamente assim, simplesmente perdemos por meio de nossa falta de cuidado, o quanto negligenciamos algo que era importante apenas por acreditar tê-lo em nossas mãos. Porém, nós nunca temos nada em nossas mãos, mesmo que veemente acreditemos que sim. Porque o ser humano quer ser dono, quer ter posse de tudo. Mas ele mesmo tampouco pertence a si mesmo, quanto mais ter posse de outro alguém. Você pode achar que tem o amor da rosa mais bonita do jardim, mas se não cuidá-lo ele se finda de tal maneira que talvez nunca possa ser recuperado.

– Luna Baker 09/05/2017

Às vezes…

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Às vezes eu sou a coberta que confortavelmente te aquece nas noites tempestuosas, e às vezes sou a própria tempestade
Às vezes sou ceda macia que te veste, e às vezes a lâmina que impiedosamente te rasga
Às vezes luz que ilumina teu caminho, outras vezes escuridão que corrói tua alma e de medo faz afugentar tua coragem
Às vezes sou mar que te naufraga, e às vezes sou porto que te segura
Tenho estados de ser tua, e fases de ser sozinha
Às vezes meus sentimentos te inundam, outras vezes a realidade crua de minhas palavras ferem teu orgulho
Às vezes a minha independência faz você me admirar, outras vezes a minha ferocidade te amedronta
Porque sou assim, essa mulher de inconstâncias.
Às vezes paz, às vezes furacão.
Sobretudo sou amor que você não pode negar, tampouco escapar.

— Luna Baker; 03/05/2017

De todas as mil e uma coisas

Sonhei dois mil e um sonhos, e realizei apenas um, o de continuar sonhando
Desacreditei dois mil e duas vezes dos meus próprios sonhos
Fiz três mil e uma promesssas
Quebrei três mil e duas, e agora prometo continuar quebrando
Curei dez mil corações
E quebrei dez mil e um, e este fora o meu próprio

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Tive um amor em cada esquina
Um amor em quase cada sorriso
Um amor em cada música
Um amor em quase cada olhar
Amei 4 mil e uma vezes
Tive meu coração partido 4 mil e duas vezes
Amei como se fosse amar eternamente, e desamei como se nunca tivesse amado

Meu mundo fora destruído 5 mil e uma vezes
E em 5 mil e duas vezes eu o refliz
Errei 6 mil e uma vezes
Pedi perdão 6 mil e duas vezes
E ainda continuo errando

Prometi mil e uma coisas a mim mesmo
E das mil, cumpri apenas uma
A de continuar vivendo.

– Luna Baker; 15/04/2017

Tudo que faz sentir, faz sentido

Teus sentidos me confundem
Tua voz profere palavras que eu não posso entender
Tua boca é desejo que faz obliterar minha sanidade
Precisas entender-me, meu bem
Que não é só teu corpo que quero despir
Quero tua nudez plena da alma
Afinal, pra quê serve um corpo despido
Se nele não há sentido?

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Saciar desejos quase reprimidos
Que não passam de uma superficialidade que logo se esvai
Esvai-se junto de palavras vazias
Que não suprem a agonia
Pra quê? Se sentimentos rasos não inebriam.

– Luna Baker; 06/04/2017